quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Tornando-me responsável pela minha vida


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Estava agora numa conversa do WhatsApp e tive um insight de escrever sobre a responsabilidade que temos sobre a nossa vida.

Muita gente não se posiciona no seu real papel, de responsável pela sua própria vida. Ora vitimizando-se, ora achando que é obrigado a dar conta de tudo e todos (o salvador da pátria), ora sendo agressivo. Nos três padrões o indivíduo coloca a responsabilidade noutra pessoa e se sente confortável com isso, por mais que não se dê conta disso, perpetuando o comportamento. É interessante isso.

Mas porquê isso acontece? Fazendo uma análise leiga e pessoal, pra mim todos querem fugir de algo, querem fugir da responsabilidade. Há um medo metido aí no meio...uma espécie de dependência. O ponto é que se tornar responsável pela própria vida exige uma maior disciplina, exige uma maior clareza daquilo que queremos, implica estar sujeito as consequências das suas escolhas, que podem ser boas ou não, mas são nossas e de mais ninguém.

Eu já me identifiquei nos 3 padrões, principalmente na vítima e no salvador da pátria. Depois que iniciei o meu processo de autoconhecimento percebi porque eu fazia isso, não confiava em mim, nas minhas escolhas, então era mais fácil colocar a escolha no outro, tornando-o responsável e se algo saísse torto eu não tinha nada a ver  e podia retorquir. Ilusão total! Depois remoía-me por não ter feito como eu queria, julgava-me, etc, ficava cheia de remorsos e achava-me incompetente e, obviamente, criava-se um ciclo vicioso. As vezes ficava a vítima e culpava outras pessoas ou situações por eu estar a sentir-me pra baixo, ou irritada, etc, quando no fundo existia uma autoestima ferida escondida, a qual eu não queria ser responsável porque era horrível, doloroso pensar que fui capaz de me pôr pra baixo. Essa é a verdade pra mim, eu é que me punha pra baixo, eu é que me julgava e isso me feria e deixava triste, ansiosa ou deprimida, etc, EU, EU e mais EU! Assim como tenho a capacidade de por-me pra baixo também tenho a capacidade de elevar-me, porque afinal depende de mim, é da minha responsabilidade! Essa é a boa notícia no meio disto tudo.

Quantas vezes não fiquei no lugar do salvador da pátria, fazendo tudo pelos outros, muitas vezes como eles queriam e esquecendo completamente de mim? Esse papel sinceramente é o que tem sido mais difícil de me desfazer principalmente sendo mãe, esposa, dona de casa, médica, o que não justifica o comportamento, mas incentiva quando a tendência é essa. Quantas vezes não me coloquei na obrigação de fazer tudo por todos menos por mim? Descobri que fazia isso porque precisava de aceitação, ora de provar para os outros que sou uma super mulher, ora porque sentia-me pressionada pelas imposições culturais e sociais. Em resumo, tinha a autoestima ferida e não sabia porque nem sequer me conhecia! Então o discuso era: "o que fazer?"  "a minha situação exige isto ou aquilo"  "não tenho como não fazer"  "só posso ser eu a fazer"....HEY, é doloroso isso!

É complicado aceitar que tudo o que acontece na nossa vida tem o nosso dedo de responsabilidade, contribuímos de certa forma! E quando fazemos uma análise mais profunda sobre isso descobrimos os motivos detrás dos motivos que achavamos serem reais. Nem sempre é agradável fazer essa descoberta! Mas ajuda-nos a ter consciência que somos responsáveis pela nossa vida, pelas nossas escolhas e isso permite fazer escolhas mais conscientes, mais assertivas.

Obviamente esses três padrões, da vítima, do salvador e do agressor vão aparecendo  durante a nossa vida, mas a partir do momento em que aprendemos a identifica-los conseguimos dar a volta e voltar ao nosso ponto de equilíbrio. Há dias tive uma situação que me afectou e a minha "salvadora" interior ressurgiu primeiro, cheia de culpa porque não tinha feito as coisas do agrado do outro e este reagiu indelicadamente, fiquei triste, pra baixo, durante alguns instantes e de repente fui acordada por mim mesma, pelo meu lado compassivo: "HEY!!! RELAXA! não é suposto seres perfeita, não é suposto fazeres tudo perfeitamente, não é suposto agradares sempre, a única coisa que é suposto é te aceitares com as tuas imperfeições, SERES TU, dares o teu melhor, respeitando o outro e a ti mesma sempre!" 

Depois deste acto de autocompaixão senti-me muito melhor, voltei ao meu centro de equilíbrio e tomei a responsabilidade outra vez, estava cansada e não fiz algo como poderia ter feito mas mesmo assim dei o meu melhor naquele momento, o outro reagiu como reagiu e como era um padrão que eu própria tinha pra mim mesma, identifiquei, recebi aquilo, deixei entrar e tomar conta da minha energia. Pensamentos de culpabilização ao outro e de vitimização afloraram logo! Resumindo, a responsabilidade por eu me ter sentido mal com o julgamento externo é inteiramente minha, é a minha ferida que ainda não sarou completamente. E vou mais além, o facto de eu ter classificado a reacção do outro como julgamento apenas espelha o meu próprio julgamento! A partir do momento que tive uma atitude mais compassiva comigo mesma, parei de julgar-me, não voltei a achar que o outro tinha sido indelicado. É incrível, não é? Eu estou a adorar!!

Então, como está a sua autoresponsabilização? Como tem gerido?

Muita Paz, muita Luz, muito Amor

Namastê

Odetuska

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