sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Quais são os motivos por detrás das nossas escolhas?



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Todos os dias nos deparamos com escolhas, decisões que temos que tomar. As vezes temos que fazer grandes escolhas, outras vezes são escolhas muito pequenas e aparentemente insignificantes. E se eu dissesse que até as escolhas pequenas são importantes e moldam os nossos caminhos?

Estive a fazer uma auto-observação e notei que até as pequenas escolhas são cumulativas  e tem um impacto importante na nossa vida. Por exemplo, a simples escolha dos alimentos que comemos (quando temos essa opção obviamente) é crucial para ditar como será a nossa saúde a curto, médio e longo prazo. Portanto, pequenas escolhas são na verdade grandes.

Mas então o que está por detrás das nossas escolhas?

Por vezes fazemos escolhas por preguiça, por conveniência, por obrigação, por aparente necessidade, por vários motivos. No entanto, infelizmente, na maior parte das vezes os motivos não são conscientes e acabamos por fazer escolhas que nos causam arrependimento. Portanto há que ficarmos muito conscientes sobre as nosss escolhas pequenas do dia a dia, respeitanto o nosso templo, que é o nosso corpo e ignorando a nossa mente, as vezes preguiçosa, medrosa, robotizada...

Mas hoje vou contar uma experiência que tive com uma grande escolha, umas das que considero muito importante.

Decidi fazer este post porque há 4 anos fiz uma escolha baseada em motivos que para mim são errados. Sou médica, gosto muito da minha profissão apesar de nem sempre vibrarmos na mesma frequência (rs). A medicina é das profissões  mais nobres que existe e ao mesmo tempo das que mais sacrifícios exige, desde a faculdade e para praticamente a vida toda. A maior parte dos médicos sonha em ser especialista, uns em ter consultórios, etc, etc. Então chega aquela fase em que parece que temos que escolher uma especialidade. Eu estava muito indecisa ainda, mas como a maioria dos colegas amigos já estava muito segura sobre a sua especialidade, não quis ficar atrás e acabei fazendo uma escolha. Mas quais foram os motivos que usei para a minha escolha?  Eis a questão. Só o facto de estar confusa, indecisa era o suficiente para não ter feito escolha nenhuma, mas mesmo assim escolhi. Lembro-me que na altura eu tinha várias especialidades em mente, trocava toda a hora, pedia um monte de opiniões, etc. Tudo isto só demonstrava que eu não estava preparada para aquele momento e mais uma vez comprova-se o ditado que diz que "Cada um tem o seu tempo e está sempre no tempo certo".

Na altura estava a trabalhar num hospital sem condições de trabalho atraentes e portanto fui criando algumas aversões, baseadas na minha realidade do momento. Daí que escolhi uma especialidade porque dava dinheiro, estava na ribalta, eram poucos profissionais no país, não se faziam urgências, tinha a promessa de ser fora do país e até gostava um pouco. Na verdade estes motivos apenas queriam justificar uma verdade escondida, de que eu não estava preparada para aquilo e que no fundo nem sequer queria realmente. O que eu queria era sair do hospital em que estava a trabalhar e estar a fazer aquilo que os meus amigos estavam a fazer para não ficar excluída (a síndrome o que os outros vão pensar). O resultado já era esperado, depois de 6 meses estava um robô autêntico, sentia a cada dia que não queria aquela vida para o resto da minha vida, toda a segunda feira era um tédio e não via a hora de chegar o fim de semana. E ainda por cima não sentia a mínima vontade de estudar sobre o assunto.

O problema é que esqueci do pormenor principal, ia passar muitos anos fazendo aquilo e era visível que eu não gostava, apesar de por vezes ficar animada. Mas confesso que muitas vezes era uma animação falsa para mim mesma, tipo "fogo de palha", que passa logo. Sendo assim, depois de render-me as evidências, analisei os meus motivos e vi que estava a cometer um erro terrível. Nenhum dos motivos era realmente relevante o suficiente para determinar uma escolha tão importante para a minha vida. Na minha lista dos motivos não estava "o eu realmente gostar" e nem a minha identificação com a especialidade. Nesse momento decidi parar e suspender a formação. Foi a melhor coisa que fiz, não me arrependo nem um pouco, mas agradeço a experiência porque contribuiu para o meu autoconhecimento, fiz amigos maravilhosos no sector em que estive, ri-me muito. Agradeço do fundo do coração o aprendizado que tive. Nada é por acaso e tudo na vida é um aprendizado.

Hoje, mais consciente sobre aquilo que realmente quero, vejo que o mais importante quando vamos fazer uma escolha, pequena ou não, é gostar da coisa de verdade, importar-se, avaliar o seu impacto na nossa vida, no nosso dia a dia, a curto, médio e longo prazo. Daí que, neste caso da especialidade em particular, e de outras ocupações no geral, tem que ser algo que eu realmente goste, tem que ser algo que tem a ver comigo, que me complementa, que me faz acordar feliz numa segunda feira, que não me deixa ansiosa pela sexta feira. Algo que me inspire e ative a minha criatividade, que faça os meus olhos brilharem, algo do qual sinto vontade de falar sempre, com excitação, algo que me anime ler sobre ele, basicamente algo que me mostra todos os dias que estou no sítio certo.

Uma coisa é certa, temos que ser muito pacientes, determinados, disciplinados, decididos e conscientes quando vamos fazer uma escolha. Temos que ter em conta a nossa opinião sobre o assunto e não a apinião dos outros. Por vezes temos que ser consistentes nas nossas acções que visam nos encaminhar para a escolha que fizemos. Costumo dizer que temos que nos priorizar, priorizar o nosso bem estar emocional, físico, mental e espiritual. Não vale a pena correr porque tememos perder o rebanho de vista, ou porque tememos o julgamento dos outros, etc. É mais importante e benéfico traçarmos as nossas próprias metas, baseadas nas nossas próprias prioridades, vontades genuínas, etc e lembrar sempre que "Cada um tem o seu tempo e está sempre no tempo certo".

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Muita Paz, Muita Luz e Muito Amor

Namastê

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